Durante uma guerra civil, um homem e os seus camaradas matam a família inteira de uma jovem. O enredo percorre muitos anos, desde o momento em que a rapariga fixa os olhos do rapaz que assassinou a sua família mas lhe poupou a vida, até ao reencontro de ambos, muito mais tarde. Peter Eötvös compôs a ópera Senza sangue com o objectivo de ser tocada juntamente com O Castelo do Barba Azul, de Béla Bartók, compositor com quem partilha a língua-mãe da música húngara. Para além de atmosferas semelhantes, as óperas apresentam idêntica orquestração e distribuição de vozes solistas, além de enredos paralelos: um casal que é confrontado com demónios do passado. Em Bartók, a mulher procura descobrir o segredo do marido, escondido atrás de uma porta proibida; em Eötvös ambos partilham o seu segredo, o dia fatídico em que nasceu uma ligação entre os dois. Uma récita dupla a não perder, por todas as razões, entre as quais o privilégio de ouvir este programa fabuloso sob a direcção do próprio Peter Eötvös.
